terça-feira, 23 de novembro de 2010

FLASH MOB de yoga prenatal na III Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento

Caros leitores, estou encantada com a idéia abaixo! Recebemos com muito entusiasmo este e-mail da organização da III Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento. O e-mail está aqui, transcrito na íntegra, para compartilhar com vocês e solicitar que divulguem, participem e se não puderem estar lá....., que vibrem juntamente conosco no momento da manifestação!


" Flash Mobs (“mobilizações rápidas”) são manifestações que se caracterizam pela aglomeração e dispersão instantâneas de participantes (pessoas que, aparentemente, transitam pelo local) e desejam que os cidadãos que presenciem se atentem para tal idéia ou pensamento. Os interessados recebem as instruções via internet (e-mails e redes sociais) e se reúnem, pessoalmente, momentos antes da manifestação, em um ponto de encontro para afinar os últimos detalhes. Pensando nisso, não podemos deixar passar a oportunidade nesta III Conferência! Junte-se a nós para uma seqüência de Yoga Prenatal que levará uma onda de energia em movimento a quem passar por lá... Movimento, como um parto... Como a vida!

Local: Torre de TV (ponto turístico bastante movimentado de Brasília há 500m do Centro de Convenções).

Dia e hora: domingo, 28/11 – 12hs 15min.

Ponto de Encontro: entrada principal do Centro de Convenções Ulisses Guimarães ao meio dia em ponto!

Como participar: acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=WZoq2ekRIhs
Aprenda seqüência de Yoga e esteja atento(a) à música. Os movimentos devem ser sincronizados. Basta que olhemos uns para os outros e busquemos uma execução coletiva!
 O que vestir: nosso objetivo é passarmos despercebidos na multidão, por tanto, roupas comuns. Pretendemos mostrar uma única consciência, independente de grupo, profissão religião ou lugar de origem. Pedimos então que se evitem manifestações isoladas, camisetas e bandeiras que identifiquem grupos.
 Acessórios: quem quiser pode providenciar cartolinas com uma palavra escrita que simbolize, individualmente, o que é o processo de maternidade/parto/amamentação. Os/as interessados(as) podem pedir informações, bem como, se reunirem para a confecção dos cartazes nos dias 26 e 27 (procurar por Mariana de Mesquita após o Encontro de Doulas ou Anne Sabotta, no sábado). Algumas palavras sugeridas pelas listas foram: “Abre-te”, “Permita-se”, “Entregue-se” ou “Entrego, Confio, Aceito e Agradeço”. Cartolinas podem ser compradas nos centros comerciais em Brasília e cada uma pode caracterizar usando o material que quiser. Os cartazes serão levantados após o fim da seqüência, em silêncio, ainda no local, antes da dispersão.


Em caso de dúvidas, entrar em contato com: Anne - yogagravidez@gmail.com ou Mariana - marianademesquita@yahoo.com.br


Desde já, agradecemos imensamente à Organização da III Conferência que apoiou com entusiasmo nossa iniciativa!
Contamos com a participação de todos e todas!
Namastê,
© Anne Sobotta & Mariana de Mesquita"

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Daphne Rattner fala ao Globo Comunidade DF sobre III Conferência Internacional de Humanização do Parto e Nascimento


A quatro dias do início da III Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento, assistimos com alegria e entusiasmo a entrevista com a Dra. Daphne Rattner no Globo Comunidade, veiculado na TV Globo de Brasília neste último domingo, dia 21/11.




Daphne nos fala do objetivo geral do evento de propor uma nova forma de nascer em nosso país, permitindo que a primeira experiência de vida destes seres seja positiva! Ela faz ainda um resumo sobre os temas que serão abordados durantes os cinco dias de evento, dentre eles estão: última revisão das evidências científicas sobre o local de parto, parto na água, parto vaginal após cesárea, psiquismo da mãe e do bebê, violência na atenção obstétrica e a importância da atenção à interculturalidade nos sistemas de saúde. Fala também sobre o poder público e os resultados que serão obtidos pela conferência e da expectativa de se alavancar uma mudança em prol dos bebês, das mulheres e das famílias.

Esperamos que gostem do vídeo e que possamos ter dias iluminados em Brasília , quando discutiremos tão importante questão para o desenvolvimento de nossa humanidade.

Assista aqui à entrevista

terça-feira, 16 de novembro de 2010

... e Nicole pariu em casa....

Este é o relato de parto da Nicole. Nos conhecemos no Espaço AOBÀ, há mais de um ano, quando fiz uma aula com ela de massagem para bebês. Nicole é naturoterapeuta e tem o blog http://www.naturoterapeuta.blogspot.com/ , no qual é possível conhecer um pouco mais sobre seu trabalho. Este relato de parto foi originalmente postado em seu blog.

"Descobri que estava grávida durante as férias, em fevereiro. Estava em Belém, um lugar muito quente e úmido e comecei a me sentir mal diariamente... após alguns dias, tomei coragem e fiz o teste: POSITIVO. Era minha segunda gestação não planejada e decidi que não falaria para ninguém. Voltei para Curitiba e aos poucos fui contando, primeiro para os amigos mais próximos, familiares, mais amigos, até a notícia se espalhar.

 
Apesar do mal-estar nos primeiros meses, tive uma gestação muito saudável. Sentia-me disposta, cheia de energia e bonita, muito bonita... diferente da primeira gestação, dessa vez não tive muito apetite, consegui me alimentar de forma balanceada e engordei exatos 10 kg. Emocionalmente, foi um período difícil, mas freqüentei as aulas de Yoga e Preparação para o parto do Aobä e sempre que possível, conversava bastante com a Talia e a Luciana, doulas queridas. E apesar das "turbulências", sempre mantive uma certeza: Ariel nasceria em casa!

 
Quando completei 36 semanas, por intermédio da Luciana e Talia, conheci a equipe de enfermeiras que me acompanhariam: Adelita, Aline e Maria Rita. Foi uma longa busca até que elas aparecessem, mas chegaram no momento certo, não poderia ser melhor. Depois de um pré-natal ‘’animado’’, freqüentando diversos médicos do convênio particular e do programa Mãe Curitibana, enfim conheci as pessoas certas e sabia que seria bem assistida.

 
As semanas se passaram de forma tranqüila, estava sendo monitorada pelas enfermeiras e nos dois pré-natais e tudo corria bem. Mas a dona Ansiedade estava a postos, incomodando diariamente e quando completei 38 semanas, comecei a achar que a coisa estava muito demorada! Marquei uma sessão terapêutica para destravar possíveis bloqueios à vinda do Ariel e depois disso, me sentia mais preparada.

 
No dia 23, virada da lua cheia, a Maria Rita esteve em casa e fizemos algumas manobras. Na mesma noite, fizemos uma meditação, eu e meu marido, preparando a chegada do Ariel. Senti que ele deu aquela ‘’encaixadinha final’’, mas continuou quieto. Então marcamos uma nova visita para o dia 26, domingo, quando estariam presentes as enfermeiras e as doulas, para uma reunião final antes do parto. Eu já estava com 39 semanas e 3 dias...

 
Às 4h do dia 26, acordei sentindo um leve incomodo. Sabia o que estava acontecendo e num misto de alegria e medo, andei pela casa, meditei e rolei na cama até amanhecer. Às 6h, acordei o Junior: ‘’é hoje, ele está chegando!’’. Ele me abraçou e perguntou se eu queria avisar a equipe; mas ainda era cedo, achei melhor esperar. Às 8h, comecei a cronometrar as contrações: estavam bem regulares e curtas, de 5 em 5 minutos, com menos de 30 segundos. Então liguei para a Maria Rita, expliquei a situação e falei que ligaria depois do almoço. Antes que o Ariel chegasse, ainda queria participar de um temascal em Campina Grande do Sul. Mas as contrações evoluíram e senti que seria mais prudente ficar em casa.

 
Junior e Luan saíram e sozinha, pude perceber melhor o trabalho de parto. Aspirei a casa, preparei o ‘’ninho’’ no quarto dos meninos, perfumei tudo com óleo de laranja doce, me arrumei, acendi uma vela e comecei a meditar. A cada contração, sentia meu corpo se preparando para o tão sonhado momento... era lindo! Tudo estava acontecendo da forma mais perfeita, estava serena, em casa, sozinha, em silêncio e nesse momento senti que daria conta, que só dependia de mim e mais ninguém...

 
Aline ligou e em poucos minutos, já estava em casa. A essa altura, eu me sentia meio aérea, já com bastante dor e uma leve vontade de empurrar. Ela fez o toque e, para minha alegria, estava com dilatação total. Não sei em que momento aconteceu, mas quando me dei conta, Junior e Luan estavam sentados na cama, olhando, amorosamente me apoiando. Em volta de mim, Adelita, Aline, Luciana e Maria Rita. Estava em quatro apoios e respirava profundamente. Senti a cabecinha dele coroando, toquei seus cabelos. Mais um pouquinho, passou a cabeça. Esse momento é indescritível, único, magnífico! Lembro de ficar confusa ao tocar a cabeça: ‘’será que é ele?’’... Mais um pouquinho, força, concentração, respiração: NASCEU!!!

 
Às 12h48 – mais ou menos, pois ninguém olhou exatamente o horário – nasceu Ariel! Lindo, sereno, forte, com 49 cm e 3.610 kg, no seu quarto, na segurança e conforto de casa. Junto com ele, nasceu uma nova mulher, mais segura, mais determinada... As vezes, olho pra ele e nem acredito... foi – e continua sendo - tudo tão perfeito! Durante todo o processo, fomos respeitados em nossas vontades; tudo aconteceu de forma fluida, no nosso tempo. A presença tanto das enfermeiras quanto da Lu foi absolutamente discreta, um apoio e atenção na medida certa... Depois de algum tempo elas me ajudaram com a amamentação e hoje estamos em plena lua-de-leite!

 
Para mim, o parto é um momento de mergulho no ser, de conexão com o lado primitivo de ser mulher, com toda força e todo potencial que temos. A mulher que se permite essa experiência, jamais será a mesma... Acho importante dizer pras mulheres que por ventura leiam esse relato que o que importa não é saber que o PARTO DO ARIEL foi bem, mas saber que TODOS PODEM SER IGUALMENTE BEM-SUCEDIDOS.

 
Médico algum me apoiou na decisão de ter um parto domiciliar; ninguém me autorizou a fazer isso ou garantiu que daria certo. Eu apenas sabia que podia tentar e tentando teria grandes chances de conseguir! É preciso uma grande dose de confiança e um "filtro" nos ouvidos para não cair nas armadilhas de exames mal-feitos, comentários médicos tendenciosos ou o alarde que as pessoas fazem... mas diariamente mulheres como eu e você dão ä luz da maneira como escolheram, assumindo a responsabilidade por seu corpo e por esse processo tão lindo e transformador que é o parto!"
 
 
 
 
Nicole, querida, parabéns por confiar em si, em seu filho e na vida! Muito obrigada por compartilhar essa experiênica tão íntima conosco, mostrando-nos o quanto é bom parir!
Que Deus siga iluminando sua família!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uma reflexão a cerca do atendimento perinatal

Mary Zwart está em Curitiba e ontem tivemos nosso primeiro encontro com esta profissional tão apaixonada pelo que faz. Foi nosso primeiro contato com ela, uma pessoa cheia de energia e disposição – características de quem trabalha com a vida e pela vida.


Mary nos trouxe uma reflexão a cerca do modelo de atendimento perinatal, ou atendimento à gravidez/parto. Falou-nos da divisão clássica, elaborada por pesquisadores antropólogos e sociólogos, que classificaram o atendimento perinatal em: tecnocrático, humanista e holístico.

De uma forma muito simples e superficial, poderíamos dizer que no modelo tecnocrático há uma separação corpo/mente, sendo o paciente visto como um objeto e o corpo como uma máquina. No modelo humanista corpo e mente são uma unidade, o paciente é um sujeito relacional e o corpo é visto como um organismo. O modelo holístico passa a considerar, além de corpo e mente, também o espírito; o corpo é portanto um sistema de energia e o foco é a cura deste “todo”.

Após esta contextualização, Mary nos fala da realidade holandesa, de seu modelo de atendimento perinatal centrado na parteira. Uma realidade bem diferente da brasileira! Na Holanda, 1 em cada 3 mulheres têm seus bebês em casa. A gestação é, portanto, um evento mais social e menos médico, em uma proporção de 80% para 20% segundo ela.

A parteira, que estuda 4 anos sobre parto normal, têm autonomia. É ela quem coordena o atendimento à gestante, definindo se esta gestação é de baixo ou alto risco, quais os exames devem ser feitos, se ela pode ou não ter seu filho em casa. Há inúmeros grupos de gestantes, cerca de 30 diferentes tipos de educadores perinatais e as mulheres são incentivas a participarem destes grupos. As parteiras estão fora dos hospitais, inseridas na comunidade e se preocupam em criar vínculo com a mulher durante a gestação. Após o nascimento, a parteira realiza cerca de cinco visitas na casa da nova família para acompanhar o estabelecimento do vínculo mãe/bebê e prestar demais cuidados, exames e procedimentos necessários.

Na Holanda as parteiras nunca foram desinstitucionalizadas. Antes de existirem os médicos obstetras, elas já existiam e sempre foram reconhecidas como uma categoria profissional. Sempre trataram o parto como um evento fisiológico natural do corpo feminino, considerando os aspectos fundamentais para o sucesso de um trabalho de parto: respeito à mulher que está parindo e à vida que está nascendo.

Mary nos trouxe excelentes vídeos de partos realizados por parteiras holandesas, mostrando-nos o que é realmente um parto natural fisiológico. É sempre emocionante ver imagens que mostram a vida sendo respeitada em seu despertar. É sempre comovente ver profissionais que se posicionam no lugar correto dentro da cena do nascimento: o de coadjuvantes. Quem protagoniza este espetáculo são as mulheres, seus bebês e seus familiares.

O evento seguiu caloroso com as perguntas e posicionamentos a cerca de como aproximar nossa realidade brasileira desta trazida por Mary. Como, em nosso país, com uma forte cultura de cesarianas e profissionais e maternidades pouco ou nada preparados para um parto natural fisiológico, viabilizarmos um atendimento humano às mulheres que dão a luz a seus filhos?

Mas como aquela era apenas a primeira palestra de um FÓRUM NACIONAL DE POLÍTICAS DE ATUAÇÃO de Enfermeiros e Obstetrizes na Assistência à Saúde da Mulher e Neonato, a discussão está em curso e com certeza boas conclusões e resoluções surgirão.

Para encerrar este post coloco um vídeo que encontrei na internet e que nos enche de esperanças. Um vídeo totalmente brasileiro, com médicas, enfermeiras, doulas, mulheres, homens e bebês brasileiros. Um vídeo que vem nos dizer “SIM, AQUI TAMBÉM CONSEGUIMOS RESPEITAR A VIDA!”.



terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aromaterapia e Parto

A importância das massagens com óleos essenciais durante o parto é conhecida há muitos séculos e há uma série destes óleos que poderão ser úteis durante o trabalho de parto, uma vez que fortalecem e aprofundam as contrações ao mesmo tempo em que têm um efeito analgésico e relaxante.



Antes de começarmos, algumas dicas práticas para você não errar na hora de escolher seus óleos essenciais:


1) Nunca aplique óleos essenciais puros sobre a pele. Eles sempre devem ser previamente diluídos em uma boa base, como um óleo de amêndoas de qualidade (puro e sem perfume) ou o óleo de rosa mosqueta.


2) Lembre-se de procurar óleos essenciais 100% puros extraídos das plantas (cuidado com essências sintéticas, que são meros perfumes e não possuem nenhum efeito terapêutico). Bons fornecedores de óleos essenciais geralmente apresentam na embalagem o nome botânico da planta da qual foi extraído o óleo. Perceba que eles devem ser armazenados em vidros escuros e bem vedados e que possuem um aroma bastante “concentrado”, lembrando muito o cheiro da própria planta.


Os dois óleos que parecem mais eficazes durante o parto são os de Jasmim e Lavanda. Eles são bem testados e conhecidos como verdadeiramente úteis. Por vezes recomenda-se o de Sálvia Esclaréia, mas já houve experiências atestando que algumas mulheres consideram sua ação forte demais, e as contrações resultantes um tanto violentas.


Os óleos de Jasmim e Lavanda oferecem vantagens ligeiramente diferentes, embora algumas de suas propriedades coincidam. Apesar de serem ambos analgésicos, o de Jasmim é um pouco mais eficaz para intensificar as contrações, abreviando, assim, o trabalho de parto. Algumas pessoas consideram seu odor penetrante um pouco enjoativo durante o parto.


O aroma puro e fresco do óleo de Lavanda talvez seja mais aceitável, e pode ser usado de várias outras maneiras além da massagem. Durante o trabalho de parto, o óleo de Lavanda reduzirá a dor e seu efeito calmante terá uma ação valiosa para o centramento e relaxamento emocional da parturiente. A Lavanda vem trazer equilíbrio e aconchego para o ambiente de parto, reduzindo a ansiedade e harmonizando as emoções.


A massagem é a forma clássica de aplicação de óleos essenciais durante o trabalho de parto. Lembre-se de sempre diluir os óleos em uma boa base vegetal antes de aplicá-los na pele (o óleo de rosa mosqueta ou um óleo de amêndoas sem perfume soa bases indicadas).


Compressas também podem ser úteis para o alívio das dores e aceleração do trabalho, já que ajudam os óleos essenciais a penetrarem mais rapidamente.


A parturiente pode também se beneficiar de um relaxante escalda-pés ou de um banho morno com os óleos essenciais indicados nas primeiras fases do trabalho de parto.


Uma aplicação bem simples e eficaz é preparar o ambiente com óleos essenciais, como uma forma sutil de relaxar e integrar a parturiente ao trabalho, bem como de receber com aconchego e afeto o recém-nascido. Os óleos já citados podem ser colocados em um difusor de aromas elétrico ou de vela, de modo que o calor disperse os aromas no ambiente.


Após o nascimento, pode-se usar o óleo de Jasmim para ajudar a expulsar a placenta de maneira rápida e sem problemas. A massagem é a forma mais indicada de aplicação neste caso.

Artigo escrito por Mônica Stange, que é aromoterapeuta, mãe da Olívia e uma grande amiga!!!
Conheçam mais sobre aromoterapia no site http://www.banhomaria.com/
Este artigo foi publicado também no site http://www.amigasdoparto.org.br/

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Toda gravidez é sinal de saúde"


Evento no Espaço AOBÀ com a parteira holandesa que estará quarta-feira na FIEP. Grande oportunidade de estarmos mais perto de profissional tão experiente! Segue descrição de seu currículo, que no cartaz acabou ficando um pouco ilegível! Para visualizar o cartaz em tamanho original acessem o blog www.aobabebe.blogspot.com

Mary Zwart é uma parteira holandesa independente, graduada na Escola de Parteiras de Amsterdã em 1969. Recebeu o treinamento em enfermagem no Hospital Acadêmico de Leiden. Após viagens, realizou atendimentos particulares de 1973 a 1996 na Holanda. Então, se envolveu em mudanças na Europa Oriental e na Rússia. Desde 2000, participa do Movimento de Humanização do Parto no Brasil. É fundadora da Escola Perinatal Européia, bem como membro do Fórum Europeu de Cuidados Primários, representante internacional da Iniciativa Amiga da Mãe e do Bebê (MotherBabyFriendly Care Iniciative). Desde 2006, está envolvida em mudanças nos cuidados perinatais em Portugal. Mary adora ensinar parturição internacionalmente e recentemente voltou a atuar. Ela é casada, mãe de 5 filhos e avó de 5 netos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Adoráveis doulas: paz, tranquilidade e também segurança na hora do parto

Elas têm a função de incentivar e desmitificar o parto normal para as gestantes. No momento tão esperado, e também depois, a doula é uma figura fundamental para as novas mamães
Matéria publicada no jornal O Fluminense.

São os instantes decisivos. À volta da gestante, todos se movimentam na expectativa da chegada do bebê. Mas o que ela sente? O que pensa nesse momento? Ao seu lado, alguém segura sua mão e transmite toda a serenidade necessária para que tudo corra bem. Essa pessoa é a doula, cujo papel é auxiliar a gestante, dar carinho, apoio antes, durante e depois do parto.
As histórias sobre parto natural que a nutricionista Patrícia Schwengber ouviu de sua mãe foram sempre positivas. Hoje, aos 30 anos, a vinda de sua primeira filha, Isabela (que a essa altura já deve ter poucos dias de vida), será cercada de segurança transmitida por sua doula Cátia Carvalho, que a acompanha desde os sete meses de gestação.
A relação entre doula e doulanda – como são chamadas as gestantes que optam por esse acompanhamento – cresce em intimidade. Entre aulas de yoga e de cuidados com bebê, Patrícia e Cátia abrem caminho para o parto normal e humanizado, que vai de encontro aos índices alarmantes de cesarianas, 85% de partos cirúrgicos na rede privada, segundo o Ministério da Saúde. Um número muito acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Achar um médico que faça parto normal é difícil, a maioria quer cesariana. Com a Cátia perdi muito os medos, tive acesso a informações que muitas vezes os médicos não passam. O que o trabalho da doula me passa é segurança e tranquilidade. É uma relação muito gostosa que temos”, diz a nutricionista.
Como mãe de primeira viagem, Patrícia tem seus receios e não arriscará um parto em casa. Vai esperar pelas primeiras manifestações de Isabela em casa e, quando tiver perto de sua chegada, irá para o hospital.
“Na verdade, a gente quebrou um paradigma inverso. Está tão instituído o parto cesariano que a gente fica à mercê do médico, desconhece as alternativas e os outros profissionais envolvidos no processo. Através da doula, fui levado a conhecer essa nova realidade”, diz Guilherme Gapski, 40 anos, marido de Patrícia.


Doula há mais de 20 anos fala sobre o desafio da profissão
Doula desde 1988, Cátia teve dois filhos de parto natural e com o apoio de outra doula. Um dos grandes desafios em seu trabalho é desmistificar o parto natural. Muitas gestantes procuram o acompanhamento de uma doula com receio de dor e sofrimento, outras vão por indicação de obstetras que não tentam convencê-las de um procedimento cirúrgico.


“É exposto o parto anormal, que não é a coisa fisiológica. Quando a grávida chega ao hospital, é olhada com cara de pânico, falam que ela vai pedir por anestesia, pedir por uma cesária, as pessoas perguntam se ela não tem medo da dor, mas é claro que ela tem! Nosso trabalho é incentivar a escolha da gestante, dando ferramentas para ela ter um parto mais confortável através de exercícios, massagem, acalmando o marido, tentado diminuir todas as intervenções, que muitas vezes não ajudam na hora do parto e são extremamente desagradáveis para a mãe”, explica.


Doula e parteira não são a mesma pessoa, mas trabalham juntas ao lado de outros profissionais da saúde. Cátia costuma dizer que o médico está pelo parto, os enfermeiros estão pelo médico, o neonatologista está pelo bebê e a doula encontra-se ali pela grávida. A grande luta dessas profissionais é pela atenção e respeito à intimidade do parto, diluindo a imagem do nascimento como algo sofrido, impessoal.


Na luta para conseguir ter um parto normal


A escolha pelo parto humanizado não foi uma opção apenas na segunda gravidez da professora Adriana Facina, 39 anos. Durante a gestação de sua primeira filha, Adriana tinha o desejo de dar à luz por parto normal, mas na época foi convencida pelos médicos a fazer uma cesariana. A figura de uma terapeuta corporal, que a acompanhou durante o procedimento, foi muito importante para que ela tivesse sua intimidade garantida nos primeiros momentos pós-parto.


Grávida de sete meses de um menino, Adriana procurou a doula Gisele Muniz, 28, para acompanhá-la nessa gestação. A professora mudou de obstetra e espera agora ter um parto normal.


“Esperei muito por isso na outra gravidez. Quando fizeram a cesariana foi uma grande frustração. Hoje tenho muita convicção do que quero. Eu não tenho medo, o que me preocupa atualmente é ter um parto domiciliar, só que é financeiramente difícil, os planos de saúde não aceitam”, lamenta Adriana.


Como doula, Gisele passa os conhecimentos do parto humanizado, as técnicas para relaxamento e também sua experiência como alguém que escolheu parto natural. Depois do nascimento de sua filha em 2006, a educadora perinatal considerou o assunto tão apaixonante que quis investir em cursos de formação.


“A doula não faz nenhum procedimento clínico e por isso qualquer pessoa sem ser da área da saúde pode atuar. Nosso foco é dar base à mulher, apoio e carinho”, diz.


Entregues na partolândia


O que a maioria vê como um momento sofrido durante o trabalho de parto, as doulas descrevem como o alcance à partolândia. Um estado alterado de consciência, quando a mulher se deixa levar pelos seus instintos primitivos e se concentra para parir.
“Algumas relatam até como um transe mesmo, em que nada mais importa. Nenhuma ordem importa, isso quando o parto é fisiológico. Já vi várias mulheres dizendo para desligar a câmera, rasgarem a roupa, darem ordens. A mulher deixa de falar, deixa de brincar, ela fica mais séria. Para a gente, a mulher chegar nesse estado é uma coisa fantástica”, relata Gisele.
“Para possibilitar que a mulher chegue nesse transe, a gente tenta evitar ao máximo o entra e sai no quarto, enfermeiro fazendo perguntas do tipo ‘qual seu CPF?’, pessoas que não têm nada a ver com aquele momento fotografando. Isso faz com que os partos sejam longos e a mulher demore a se concentrar. Esse é o lado mais instintivo, mais bicho que a mulher vai liberar. Elas têm que se entregar ao momento, à dor, não ter controle de tudo. Algumas mulheres sentem dor, outras não, algumas dizem que é apenas um desconforto, um apertão por dentro ou a dor maior do mundo. O importante é usar aquilo para trazer o bebê ao mundo. Nesse momento, a mulher se revela como ela é na vida”, completa Cátia.
Protagonista no parto


A pessoa mais importante na cena do nascimento. Foi assim que se sentiu a jornalista Sarah Nery, 28 anos, quando se preparava para dar à luz a Caio. Ela fugiu da cesariana e preferiu ter seu filho em casa, com ajuda de uma parteira e de uma doula.
“Dar à luz com ajuda de uma doula é ter curiosidade e controle no parto, como elas dizem, ter um empoderamento do parto. O nascimento é algo tão maravilhoso, mas se perdeu porque o parto virou um estresse, uma coisa medrosa. O papel da doula foi fundamental, a ideia do parto natural é que tudo aconteça naturalmente, o corpo pede movimentos e você faz, não fica presa numa mesa. Nesse aspecto, minha doula trabalhou com massagens, respirações e movimentos”, conta.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Grupo de mulheres, as doulas, resgata sensualidade na hora do parto

As doulas e as pacientes lutam contra a tendência de cesarianas eletivas e defendem o prolongamento de momentos protagonizados pelas mães.
Matéria publicada no jornal Estado de Minas - veja aqui a matéria na íntegra


Poucas pessoas sequer imaginam que dar à luz pode ser um momento dos mais sensuais. Sensualidade? Um grupo de mulheres tem resgatado a hora do parto como sublime e, de certa forma, como o ápice da sexualidade entre o casal. Reconhecer esta dimensão é uma maneira de humanizar o momento, que, com o crescimento no número de cesarianas eletivas, tem se tornado cada vez mais impessoal. “O nascimento é o fim de uma relação sexual”, afirma a auxiliar de biblioteca Renata Pereira da Rocha Araujo, de 38 anos, que teve a pequena Beatriz, de 2 meses, de parto natural.

Mulheres como Renata contam, nesse momento, com o apoio das doulas, outras mulheres que são treinadas para oferecer suporte físico e emocional durante a gestação parto e o resguardo. O movimento é uma reação de muitos casais à tendência de cesarianas eletivas, ou seja, quando a cirurgia passa a ser regra, devido à praticidade de se marcar uma hora e à rapidez do procedimento, e não exceção a ser adotada apenas em casos comprovados de risco para a mãe e para o bebê.

Um grupo delas quer desfazer os mitos em torno do parto e fazer com que cada momento possa ser protagonizado pelas mães. A queixa de muitas delas é que o aparato do ambiente hospitalar impede, por exemplo, a presença de um acompanhante durante o nascimento, embora seja uma determinação legal. Mesmo sendo um momento de intimidade entre o casal, o parto natural, diferentemente da cesariana, pode ser acompanhado por familiares e pelas doulas.

As doulas estão lá para aplicar massagens para ajudar no controle das contrações, para acalmar os pais que ficam desesperados ou simplesmente para dar a mão à mãe que precisa de um amparo. Não há um momento exato durante o período da gestação para ter início o acompanhamento feito pelas doulas. Pode começar nas primeiras semanas como pode ser também iniciado dias antes do parto. “A escolha tem a ver com a empatia”, afirma a doula e psicóloga Daphne Paiva Bergo, de 35.

Daphne e Renata se encontraram às vésperas do nascimento de Beatriz. “Minha mão foi ela quem apertou. Ficou quatro horas e meia junto comigo”, lembra Renata, que, há um bom tempo, conhecia o trabalho das doulas, mas decidiu-se pelo acompanhamento de uma delas quase no último momento. As duas ficaram se conhecendo na casa de Renata, durante o Chá de Bênção, momento festivo em que as mulheres fazem escalda-pés, massagens, preparam o quarto do bebê e da gestante que irá dar à luz. “O chá foi na segunda-feira de carnaval. Na quarta-feira de cinzas, comecei a sentir as contrações às 2h. Então decidi que seria a Daphne, uma coisa de instinto e empatia.”

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Lei do acompanhante de parto - NOSSO DIREITO NÃO ESTÁ À VENDA!!!

A partir de uma denúncia individual que relatou a cobrança de taxa em um hospital em Cuiabá-MT, o Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT) firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com os hospitais particulares locais.

 

Agora, todos eles terão de permitir a permanência do acompanhante de livre escolha da parturiente gratuitamente no acolhimento, pré-parto, parto e pós-parto imediato e afixar cartazes informando os direitos das gestantes. (Veja a matéria aqui)

Se você foi impedida de ter um acompanhante de sua livre escolha nesse momento tão delicado e especial que é o nascimento de um filho(a), DENUNCIE.

Se cobraram uma taxa para a entrada do seu acompanhante no parto, para o uso da roupa esterilizada (taxa de paramentação), para sua pernoite ou alimentação, DENUNCIE.

Se impediram a entrada do seu acompanhante por ser ele um homem ou por ser uma mulher, ou por não ser o pai, DENUNCIE.

Toda mulher tem o direito assegurado pela Lei 11.108/2005 de ter um acompanhante de sua livre escolha no acolhimento, pré-parto, parto e pós-parto imediato e os planos privados de saúde são obrigados a cobrir as despesas de um acompanhante por esse período, incluindo a taxa de paramentação, a alimentação e a acomodação adequada para pernoite.

É possível pedir "sigilo de dados pessoais" em sua denúncia, se desejar.

Para denunciar e obter mais informações acesse:




















sábado, 25 de setembro de 2010

Mas afinal, o que é uma Doula?



A palavra doula vem ganhando cada vez mais popularidade. Muitos ainda acham-na estranha, outros realmente não a conhecem. Fato é, que esta palavra de origem grega, cujo significado é “mulher que serve”, começou a ser largamente utilizada dentro da humanização do nascimento na década de 90 por dois pesquisadores americanos, Klaus e Kennell.

Atualmente a doula vem ganhando popularidade em nosso país, sendo tema de uma matéria de mais de 20min no programa Mais Você no último dia 11 de agosto (Assista matéria aqui), e passando a integrar o tradicional Dicionário Aurélio em sua 5ª edição revisada e ampliada (Veja matéria aqui).

A doula existe, no cenário do nascimento, desde que existe o próprio nascimento. A mulher que está parindo sempre esteve acompanhada por outras mulheres, e é comum vermos representações de cenas de partos da idade média, ou mesmo mais antigas (da época do Egito e da antiga Índia), nas quais há mulheres apoiando a parturiente. Essas mulheres que apóiam, seguram a mão, olham no olho, buscam água, secam o suor, abraçam..., são as doulas.

Companheiras e servidoras fiéis daquelas que estão dando à luz, essas mulheres desapareceram da cena do parto por muitos e muitos anos. Quando o nascimento passou a ocorrer nos hospitais e não mais em casa, achou-se que essa figura não era mais necessária, já que o obstetra passou a cuidar de todo o nascimento, o pediatra a cuidar do bebê e as enfermeiras se responsabilizavam por providenciar tudo que fosse necessário a eles.

E aconteceu que por muitos e muitos anos as mulheres ficaram sem ser cuidadas durante o nascimento de seus filhos!

Hoje, muitas grávidas, apesar de estarem em centros urbanos e ganhando seus bebês em hospitais, desejam vivenciar a experiência de dar a luz a seus filhos de forma ativa, consciente e prazerosa. Neste contexto aquelas mulheres que apóiam voltam à cena do nascimento, com o nome de doulas, comprovando que são de grande importância neste momento mágico e intenso da vida de qualquer pessoa.

A doula não irá querer que você tenha um parto normal, ou na água, ou que não tome anestesia, ou que fique de cócoras, ou qualquer outra coisa. A doula apenas deseja poder proporcionar à mulher uma experiência de parto positiva, contribuindo desta forma para o nascimento de uma mãe mais segura, gratificada e orgulhosa da sua experiência de parir um filho.

A doula é, portanto, quem cuida da mulher que está parindo. Ela cria vínculo com essa mulher, estabelece uma relação de confiança e tem plena convicção na capacidade fisiológica do corpo feminino de dar a luz a seus filhos. Ela entra como a mão amiga e passa a incentivar e apoiar toda e qualquer decisão informada da mulher.

É importante compreender que a doula não decide nada, nem antes e muito menos durante o nascimento. Ela trabalha com um suporte informativo prévio onde busca passar à gestante todo conhecimento que ela precisa para tomar suas decisões. E, durante o trabalho de parto em si, ela trabalha com um suporte físico e emocional, utilizando técnicas diversas, sempre não farmacológicas, para alívio de desconfortos e busca de serenidade.

A figura da doula está relacionada ao parto via vaginal porque uma mulher que tem uma doula torna-se mais confiante, mais ativa dentro do trabalho de parto, passando a trabalhar a favor de seu corpo e do nascimento de seu filho. Então, ter um parto via vaginal, sem tantas intervenções e sofrimento, mais rápido e satisfatório, passa a ser uma realidade e não um sonho distante, quase impossível.

Vai parir? Contrate uma doula!!!

Conheça aqui como se estrutura nosso atendimento

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

As dores do meu parto

O relato do meu parto foi feito em dezembro de 2009, um pouco antes do aniversário de um ano de minha filha. Foi muito difícil escrever sobre essa vivência e demorei muito para conseguir fazê-lo. Hoje decidi postar esse relato porque tenho acompanhado na lista doulasbrasil alguns depoimentos que mostram exatamente isso: mulheres tentando parir seus filhos e pessoas fazendo de tudo para atrapalhar.  E para ilustrar essa postagem coloquei uma imagem pela qual sou apaixonada. A amamentação foi o que, aos poucos, me relembrou a magia de ser mãe e mulher!

"Laís querida, obrigada por me transformar na pessoa que sou hoje e me motivar a ser cada dia melhor. Te amo muito!"



Às vésperas do aniversário de um ano de minha filha, decidi escrever sobre esse momento tão significativo de nossas vidas e que ainda me provoca lágrimas nos olhos: o parto.

Desde que descobri que estava grávida decidi que queria parto normal. Uma decisão que fugia totalmente ao meu ambiente e ciclo de convívio. Nascida de cersariana, beneficiária de um plano de saúde particular e cercada de mulheres que nada sabem sobre dar a luz a um filho, iniciei uma busca, quase uma investigação, sobre o que é o parto normal (natural, humanizado, ativo.....) e o que pode ser feito para favorecer esse acontecimento.

..... e então se transcorreram os nove meses mais maravilhosos de minha vida....

Minha gestação foi o que se considera “tranqüila”. Aos poucos fui incorporando à minha rotina aquilo que ia descobrindo ser favorável ao parto normal. Comecei com as aulas de yoga para gestante e estes eram meus momentos preferidos, onde eu tinha o apoio e a orientação que queria , onde era encorajada a acreditar na minha capacidade de mulher de parir.

Li alguns livros sobre o tema e visitei alguns sites, poucos na verdade e superficialmente, porque nunca fui muito paciente com a internet.

A cada consulta com minha obstetra conversava sobre suas convicções de parto normal, tirava algumas dúvidas e falava sobre como eu queria que fosse o meu parto. Ela via que eu estava informada e bem decidida, e se dizia favorável ao parto normal sem muitas intervenções e que eu era uma gestante tranqüila (na verdade um casal grávido tranqüilo, porque o Márcio, meu marido, sempre me acompanhava).

Eu estava realmente muito feliz com a minha gestação e com a minha decisão. Acredito que a oportunidade de parir é uma benção de Deus a nós mulheres e que a natureza não iria errar tanto em nos fazer sofrer para poder gerarmos uma vida. Realmente acredito que tudo depende da forma como você encara as coisas. Lembro que minha professora de yoga fazia questão de dizer que “não necessariamente há dor durante uma contração e caso haja que ela seja bem vinda pois significa que seu bebê está cada vez mais perto de você”.

Curti muito minha gestação e conversava muito com minha filha, falava a ela das minhas intenções de parto normal e de como ela seria bem recebida quando decidisse chegar. Acredito que para o bebê o nascimento é um momento muito difícil, infinitamente mais difícil do que para nós, mães que estamos dando à luz. Isso, não apenas no que se refere ao aspecto físico, mas e principalmente, no que se refere ao aspecto espiritual daquela nova vida. Isso também me levou a querer não apenas um parto normal, mas que minha filha pudesse ser recebida e tocada por nós (pais) quando nascesse, que não fosse tudo feito de forma mecânica e invasiva.....

Bem, então quando eu estava com 38 semanas minha médica soltou um “se você fosse fazer uma cesariana já poderíamos marcar para esta semana”. Aquilo soou muito mal aos meus ouvidos, mas..... tentei não dar importância. Ela sabia que eu QUERIA e (só queria) parto normal.

A partir deste momento todas as pessoas que te encontram já te olham com cara de “o que essa criatura faz com essa barriga deste tamanho?” Minha barriga estava muito grande, mas muito grande e eu tinha engordado apenas 11kg! Você já começa a se sentir muito grande, mas eu estava curtindo, ADORAVA e estava disposta a esperar o tempo que fosse necessário.

E foi necessário esperar bastante... Nas consultas, minha médica começou a dizer que o bebê estava encaixado mas não tinha descido, estava alto. Minha professora de yoga falava para eu conversar com minha filha e incentivá-la a descer e eu sempre fazia isso nos momentos de relaxamento, dizia que eu estava pronta para recebê-la.

Fechamos as 39 semanas e nada... tudo na mesma!

A esta altura minha obstetra cogitou a possibilidade de fazer uma cesária, eu perguntei por quê?? Eu estava ótima e o bebê também, tudo estava bem em todos os exames. Lembro dela perguntar porque eu não queria fazer cesariana, se tinha medo. Eu respondi que para mim o problema não era fazer uma cesariana, que não tinha medo de cirurgia. Para mim o problema era não fazer o parto normal, não passar por esse momento que eu considerava maravilhoso e único, algo só meu, que ninguém poderia vivenciar no meu lugar.

Bem, e nessa consulta ela viu que eu não era apenas mais uma querendo parto normal. Eu não estava muito disposta a negociar. Então ela disse que eu estava muito tranqüila e bem informada e que neste caso poderíamos esperar mais uma semana.

Fechamos 40 semanas e ...NADA....

Eu continuava ótima e o bebê também. A essa altura toda minha família e a do meu marido, que não moram em Curitiba, já estava aqui e acho que apenas isso me pressionava um pouco. Todas aquelas pessoas aqui, que vieram de tão longe, já estavam ha praticamente 10 dias e nem sinal de o bebê nascer.

Então tivemos uma consulta e a médica quis marcar a cesariana, e eu comecei a chorar, era uma quinta-feira. Acho que ela se impressionou com minha reação e também ficou emocionada, disse que então esperaríamos até a próxima terça-feira e aí, se não mudasse o cenário marcaríamos a cirurgia.

UFA!!! Ganhamos alguns dias!!!

Quando essa consulta terminou passei a viver uma constante espera. Esperava que a qualquer momento uma dor diferente viesse, que alguma coisa diferente escorresse entre minhas pernas, mas tudo era tão tranqüilo, tão normal.... nenhum desconforto a não ser o da pressão de ter que acontecer alguma coisa até terça-feira.

E quando amanheceu segunda-feira para minha surpresa não tinha sentido NADA de diferente. Chamei meu marido para conversar e disse que não queria marcar cesariana nenhuma, que sabíamos que nossa filha estava bem e que poderíamos esperar até 42 semanas. Pedi que ele ligasse para a médica e falasse que não iria marcar nada para terça-feira. Ele fez isso! Ela então pediu que mesmo não sendo para fazer a cirurgia fôssemos no hospital no dia seguinte para fazermos um exame mais detalhado do bebê.

Lembro de naquela segunda feira ter feito acupuntura e pedi ao meu acupunturista para apenas relaxar pois estava estressada com aquela pressão de tem que nascer.....

E então para minha surpresa após o almoço comecei a sentir uma coisa diferente. Pensei “hummm....isso está parecendo novo... nunca senti antes, então acho que pode ser um bom sinal”. Fiquei bem quieta, não falei para ninguém, mas pedi ao meu marido que não voltasse para o escritório e ficasse comigo. Durante a tarde aquilo, que não quero chamar de dor, pois para mim era algo tão desejado, começou a ficar mais forte e quando vinha tinha que ficar de pé e andar. Comentei então com meu marido, assim com muita naturalidade...”acho que comecei a sentir as tais contrações” e pedi que ele também ficasse bem quietinho. Toda a nossa família estava conosco e eu não queria criar falsas expectativas em ninguém.

Naquele dia todos tinham combinado de ir assistir ao Auto de Natal, uma encenação do nascimento de Jesus muito bonita, e então quando deu 19h meu marido foi levá-los e eu fiquei sozinha em casa. Nesta hora percebi que realmente o que eu sentia só podia ser contração. Quando aquilo vinha eu precisa para, me agachar e me concentrar totalmente, passou a ser muito intenso, e eu estava MARAVILHADA!!!!! Quando o Márcio chegou começamos a marcar os minutos e então vimos que elas estavam com intervalos regulares e rapidamente se intensificando.

Quando deu 21h30 ele falou “vamos para o hospital” eu disse que não, que iríamos bater lá e voltar eu estava bem ainda e a notícia que tinha era de que mulher em trabalho de parto urra de dor. Ele insistiu pois as contrações estavam de 7 em 7 minutos. Então tá, peguei minha bolsa (só a bolsa mesmo pois tinha certeza de que ia bater no hospital e voltar) e nesse meio tempo nossa família voltou e minha mãe foi conosco.

No carro eu pensava “ooobbbbaaaa a noite vai ser animada, finalmente chegou a hora”! Sabia que estava em trabalho de parto, mas estava bem e feliz, preparada para voltar para casa e encarar horas de caminhadas, respirações, duchas, massagens... tudo aquilo que sonhava fazer por mim e meu bebê.

Quando chegamos ao hospital o médico de plantão me olhou e disse para meu marido “acho que ela ainda não está em trabalho de parto, pois está caminhando e conversando normalmente, deve ser o que chamamos de falso trabalho de parto, mas vamos examinar”.

Para nossa surpresa eu estava com 5 de dilatação e ele disse para já ficar internada. Ligou para minha médica, o que era procedimento de rotina, e disse algo que ficou gravado em mim “mas o bebe ainda está alto”. Tudo bem, eu pensei, eu estou bem e agüento até ele descer.

O Márcio foi cuidar da papelada da internação e minha mãe ficou comigo. Sempre que vinham as contrações eu fazia as respirações que treinei nas aulas de yoga e estava bem tranqüila.

Então o Márcio chegou com a enfermeira e uma cadeira de rodas para subirmos ao centro obstétrico. “Para que essa cadeira?” eu pensei, e disse a ela que iria caminhando. Me sentia ótima, confiante, forte, disposta. Não é que eu não sentisse dor, é que eu estava tão feliz que queria participar ativamente de tudo.

Então subimos todos, a enfermeira, minha mãe, o Márcio e eu. Quando chegamos na porta do centro obstétrico a enfermeira disse que o Márcio não poderia entrar e eu fiquei irritadíssima pois o combinado era que ele entraria comigo. Eram 11h da noite, não tinha mais ninguém naquele hospital e ela veio com uma conversa de que a médica teria que autorizar porque a presença dele poderia constranger outras gestantes..... Ahhhh aí eu já me armei toda para a briga, mas antes que pudesse falar o Márcio percebeu tudo e falou para eu entrar que ele ligaria para a Dra e logo entraria.

Realmente esse pessoal de hospital não entende nada de parir um filho.... Todo o encanto e ternura deste momento começam a sumir quando você se depara com aquele ambiente hospitalar, aquela camisolinha ridícula que só mesmo com anestesia geral para você usar, e aquelas pessoas te olhando sem o menor acolhimento, querendo te dizer tudo o que você deve fazer, como se você fosse um ser sem vontade e sem desejos.

A partir daquele momento me deparei com a frieza com que o sistema de saúde brasileiro trata o nascimento de um filho e fiquei sozinha naquela sala horrível, com uma roupa ridícula e uma touca mais ridícula ainda. Mas tudo bem, eu pensei, minha querida professora de yoga tinha dito que isso iria acontecer: “Querida, esteja preparada para ficar sozinha” e então comecei a conversar com minha filha, caminhava e dizia a ela que viesse em paz pois a mamãe estava pronta para recebê-la, que tivesse coragem pois iríamos ajudá-la no que fosse preciso, que era hora de trabalharmos juntas! E assim fiquei até que apareceu uma enfermeira e perguntou se eu estava bem, disse que era melhor eu deitar....... Ai ai ai, elas realmente não conseguem nos ajudar muito!!!!

Pedi para pegar minha meia porque não ia sentar e o chão estava gelado para ficar andando com aquele sapatinho de TNT (ridículo!!!). Ela disse que não podia, eu insisti, ela disse que não podia... eu insisti DE NOVO. Então fomos até a salinha onde ficaram minhas roupas e pude ver minha mãe, o Márcio e a Dra conversando, ela tinha acabado de chegar. Dei um sorriso e sinalizei que estava tudo bem, e gritei que era para o Márcio entrar!!!

Quando eles chegaram à super sala de parto eu continuava andando e respirando, andando, respirando e conversando com minha filha.... já era quase meia noite e ela fez o exame de toque... 7cm de dilatação mas o bebê ainda estava alto!!!

Então ela sugeriu que eu fosse para a ducha, lá fomos nós. O Márcio ficou lá, o tempo todo comigo, foi bem relaxante e alivia muito a dor, mas teve uma hora que pensei “Meu Deus, quanta água, que desperdício..... acho que vou sair....” Aí logo a Dra chegou, então me sequei e me deitei de novo para mais um exame..... 8cm. Pedi a ela para andar mais um pouco, é extremamente doloroso ficar deitada ou parada, ela disse que tudo bem, a dilatação estava indo super bem, mas o bebê ainda estava alto e o trabalho de parto ainda poderia demorar umas 4h (isso para mim não era nenhum problema!!!).

Minha filha pode demorar o tanto que quiser, eu pensava, eu estou preparada! E ali ficamos eu e o Márcio, não tínhamos as músicas nem os óleos que eu havia escolhido, muito menos uma luz amena e um ambiente tranqüilo como imaginei, mas tudo bem, nossa filha estava chegando, nós estávamos juntos e bem, e isso fazia o momento mágico.

Lá vem a Dra de novo para fazer outro toque (para que tocar tanto, né?!?!), 9cm de dilatação só que a bolsa não estourou e o bebê continua alto. Ela então mede os batimentos cardíacos e dá baixo (não lembro quanto), mas eu estava tendo contração!!!! E lembro de ter lido que durante a contração o batimento do bebe diminui!!!! Poxa, será que ela não sabe disso!!! Então falei, e ela disse que estava muito baixo mesmo para ser durante uma contração e que minha filha deveria estar em sofrimento.... Mas insisti para ela medir de novo e é óbvio que ela mediu e deu normal!!!!!

Lembro de nesse momento ela começar a se dirigir mais ao Márcio para explicar o que estava acontecendo. Eu estava muito concentrada em minhas respirações e convicta de que tudo estava bem, era só deixar a natureza seguir seu fluxo. Mas ela veio com uma história de que a diferença entre a medição durante e fora de uma contração não poderia ser tão grande...... e que seria melhor fazer uma cesária.

Lembro que senti uma profunda frustração e me dei conta de que ela não tinha noção do que significava para mim aquele momento. Tá, eu falei, não dá para a gente tentar nada antes, eu não quero uma cesariana!!!! Dentro de mim algo dizia que a Laís (minha filha) estava bem, nós estávamos bem!!!!!.

Então ela quis fazer um outro toque, disse que já estava totalmente dilatada, o colo estava ótimo, que estava tocando na membrana e poderia até romper a bolsa... Só que enquanto ela me examinava e falava, na verdade ela já estava era rompendo a minha bolsa..... Fiquei muito chateada com aquilo, mas se era a forma encontrada para tentarmos evitar uma cirurgia tudo bem.

Bem, neste momento, comecei a sentir as verdadeiras dores do meu parto. Quando ela rompeu a bolsa, senti a dor de não ser respeitada. Não estava convencida de que aquele procedimento era necessário. Meu marido me chama de teimosa, mas eu tinha estudado e sentia que estava tudo bem. Poxa, a barriga é minha e o bebê está lá dentro, será que minha intuição não conta???. Não é que eu queira saber mais que a médica, mas eu também sei alguma coisa e confio nisso, mas isso não é levado em consideração e nem respeitado. Sabia que um parto deve ter o mínimo de intervenções possíveis e aquela era uma tremenda de uma intervenção!!! Romper a bolsa!!!!

E então, quando a bolsa é rompida o líquido está um pouco escuro, era mecônio, o bebê tinha feito cocô. Pronto, dá para imaginar como as coisas transcorreram a partir daí. A médica chamou meu marido, mostrou o líquido e disse que o bebê estava em sofrimento e precisávamos fazer uma cesária urgente!

Só um pouquinho doutora,eu ainda tive a capacidade de dizer, eu sei que o mecônio isoladamente não significa muita coisa e ainda existem graduações para essa tonalidade escura do líquido e pelo que eu posso ver ele não está tão escuro assim.

Nessa hora ela, a enfermeira que estava na sala e meu marido me olharam com uma cara assustada como se eu quisesse matar minha filha.... E aí aquelas dores (da falta de respeito) começaram a ficar cada vez mais intensas e se somaram a outra dor, a da frustração. A Dra se defendeu, disse que o que eu falei não era bem assim e que precisávamos fazer a cirurgia urgente.... Meu marido veio para perto de mim e me disse que eu tinha tentado tudo que podia, mas as coisas aconteceram assim, agora era hora de aceitar e confiar na médica.

Nossa, quanta, mas quanta dor eu senti nessa hora. Uma dor desesperadora!!! Me sentia impotente, desrespeitada, derrotada, incapaz, comecei a chorar sem parar, me sentia uma fracassada!!! Eles quiseram me levar deitada para a sala de cirurgia.... OPA... sai pra lá que eu não estou doente, eu pensei. Me levantei e quis ir andando, e chorando, chorando muito!!! Meu marido estava comigo e só pedia para eu ficar calma, que eu tinha feito tudo o que podia, que eu estava de parabéns, que era para eu ficar feliz pois nossa filha estava chegando....

Como eu gostaria de me sentir assim, mas infelizmente não era isso que sentia! Sentia que me roubavam uma oportunidade abençoada de participar ativamente da chegada de minha filha ao mundo e isso me doía muito, mas muito mesmo!! Eles todos me roubavam descaradamente algo tão valioso, impossível de ser mensurado, e eu ainda saía como a vilã da história, todos me olhavam com uma condenação no olhar (ou eu que me sentia condenada, já não sei.....)

Na hora de entrar no centro cirúrgico o anestesista ( meu Deus!!! Eu achei que jamais fosse precisar dele) falou para o Márcio esperar do lado de fora. AHHHH NÃO, ele entra se não eu não vou!!! Espera aí, vocês me roubam um momento mágico e único em minha vida e agora ainda querem que meu marido não participe!!! Aquelas pessoas todas me assustavam, tratavam tudo de forma tão impessoal, conversavam entre si como se nós (eu, minha filha e meu marido) fôssemos as figuras menos importantes naquele cenário.

Então empaquei ali na porta com meu marido e comecei a chorar mais forte ainda, sentindo aquela dor estranha, para a qual eu não estava preparada. Não havia alívio para aquela dor que sentia, não tinha posição, respiração ou recurso que ajudasse, era desesperador. E o anestesista me chamando, dizendo que tinha que ser rápido para eu entrar logo, mas eu não quero, eu não quero entrar aí, que droga, será que ninguém pode me dar um tempo, pelo menos para eu digerir essa idéia!

Aiiiii, mais uma vez aquela dor de não ser respeitada, ninguém se compadecia do meu sofrimento. Pode parecer exagero falar assim, mas não é. Eu realmente sofria muito naquele momento e ninguém foi acolhedor, ninguém parecia me entender ou querer me entender, todos só queriam correr e fazer tudo mecanicamente como já estão tão habituados!

Meu marido tentava me animar e me consolar, mas acho que ele também estava com medo e por isso também tinha pressa. Pressa que eu aceitasse logo entrar naquela sala com aquele anestesista e fazer logo essa cirurgia para que nossa filha nascesse logo e tudo terminasse logo.

Fui... me sentia derrotada, vencida, humilhada, era uma dor horrível. Quando entrei naquele centro cirúrgico todo e qualquer resquício de magia, beleza e serenidade que imagino que deva envolver um nascimento desapareceram!!! Tive que tomar anestesia, a maior de todas as dores pois era a sinalização mais evidente de que a partir daquele momento eu não significava e não podia mais nada!!! Dar a luz a minha filha já não me pertencia mais! Eu era uma mera máquina orgânica a qual seria aberta e de onde eles retiraram uma outra máquina, só que uma miniaturazinha!

Para a coisa ficar ainda menos humanizada eles sobem um pano na nossa cara e te mandam ficar com os braços estendidos (ainda me embrulha o estômago de lembrar)! É tanta luz, tanto pano verde, tanta gente que você nunca viu, tanta conversas entre eles, tanta impessoalidade, tanta falta de respeito, tanto desconhecimento do significado no nascimento! Minha vontade era gritar, mas eu já não conseguia mais, e então senti a dor da impotência. “Se pudesse sairia correndo e ganharia minha filha sozinha, no meio do mato”, eu pensava. Sozinha nada!!!! Nenhuma mulher está sozinha na hora de parir, todas as forças da Natureza estão ao seu lado, há uma falange de bons espíritos a auxiliá-la, tudo conspira a seu favor, mas infelizmente nosso sistema de saúde não comunga desta opinião.

Só recobrei um pouco de paz quando vi o Márcio se aproximar de mim, deu um segundo e ele falou, NASCEU. Ai meu Deus, como eu chorei... era um misto de vitória com derrota, de alegria com tristeza, de mágico com mecânico!!! Trouxeram nossa filha para nós e eu não conseguia falar nada só chorar, chorar e chorar. Meu marido então não tirou mais a mão dela, eu não conseguia segurá-la, levá-la ao meu peito e dar-lhe de mamar como tinha imaginado. Minha filha, concebida e gerada por mim, mas que não pude vê-la chegando ao mundo, nem meu marido ajudando a cortar o cordão como era meu desejo e isso ainda me doía muito, mas tinha também a gratidão de saber que ela estava ali.

Foi tudo tão mais rápido e doloroso do que eu tinha imaginado. É muito difícil você falar sobre isso porque todos usam o jargão “o importante é que o bebê está bem, ela está aí, viva, linda, saudável, é isso que importa”. Depois de passar por toda essa frustração você ainda tem que se contentar com essa explicação!!! Parece que continuar a se indignar e questionar é ingratidão com a vida que me deu uma filha tão maravilhosa. Mais uma vez o sistema de saúde e a nossa sociedade te levam a crer que você tem que aceitar, que é assim mesmo, parto normal é muito difícil, quase impossível de acontecer, é muito arriscado e perigoso.... Bem, tudo isso causa uma tremenda confusão emocional em nós mães, que já não sabemos mais o que sentir ou como pensar. Não é à toa que demorei quase um ano para conseguir falar abertamente sobre isso.

Continuo a acreditar que meu parto poderia ter sido normal e que minha filha estava bem, prova é que a tal nota que eles dão ao bebê quando nasce (APGAR) foi 9 e9. Dentro de toda a confusão de sentimentos que se apoderaram de mim a única coisa que não consegui sentir foi raiva da minha médica. Sei que ela fez o que pode, o que sabia o que conseguia fazer. Verdade seja dita, o problema é justamente esse, nossos médicos (salvo algumas exceções, que eu mesma ainda não conheço....) não sabem ajudar uma mulher a parir. Eles não aprenderam isso e nem são incentivados a tal. Eles não conseguem deixar que a natureza faça seu trabalho, que a mulher assuma o controle de seu corpo e que a vida surja de forma natural. Sou grata a minha médica por ter me tirado minha filha, mas não me contento mais com o que ela tem a me oferecer, nem ela, nem os outros médicos, nem as enfermeiras, nem os hospitais.

Hoje consigo dizer, ainda em voz baixa, que meu parto foi uma experiência dolorosa e traumática, mas nem por isso minha filha deixou de ser a coisa mais linda que aconteceu na minha vida! Fiz este relato, em primeiro lugar por mim, para me ajudar a superar essa cicatriz que ainda dói, e também para exemplificar às outras mulheres grávidas o quão árdua é a luta das que querem parir seus filhos. Que elas não se deixem iludir como eu, achando que seus médicos realmente são favoráveis ao parto normal e que os hospitais hoje estão preparados para isso. Que elas sejam fortes e decididas, que busquem se informar, que façam yoga, tenham uma doula e não precisem de hospitais para terem seus bebês.

domingo, 5 de setembro de 2010

O nascimento reduzido a um time de futebol!!!!

A reportagem exibida no Jornal da Globo sobre o centenário do Corinthians inspirou as reflexões deste post. Veja a matéria no link abaixo e boa leitura, ou melhor, boa reflexão!
Vídeo: Família marca nascimento da filha para o dia do centenário do Corinthians


A cesariana, criada para salvar vidas de mães e bebês em risco, é usada hoje descontroladamente, para atender a caprichos, gostos e preferências da sociedade.
Ora convém mais ao médico, ora ao hospital, ora aos pais ou à família... E o bebê, onde fica nessa história? É como se para ele não fizesse diferença, é como se na verdade ele não fosse um bebê e sim um bonequinho, um objeto.
Sim, porque são os objetos que se destinam a nos servir e atender nossas preferências. São eles que nós compramos, usamos, exibimos e jogamos fora. São os objetos, os desprovidos de qualquer emoção ou sentimento, mas não os bebês!
Os bebês são seres humanos que vêm povoar nosso planeta, conviver conosco! Eles ouvem, enxergam, sentem e após nove meses de intenso trabalho de formação no ventre de suas mães eles só precisam ser respeitados e amados. Respeitados enquanto individualidade que é fisiologicamente apta a escolher o momento que deseja nascer e amados independente e acima de qualquer condição, seja a de ser corintiano ou não, saudável ou não, menina ou menino. Fazer festa para receber um bebê realmente é muito bom e eles adoram chegar ao nosso mundo em festa! O melhor de tudo é que não precisa muito para organizá-la, basta silêncio, pouca luz, temperatura quentinha, bons pensamentos e muita, mas muita harmonia.
Realmente essa não é uma festa na qual se convide um “bando de loucos”!
É uma pena que ainda não consigamos ver o nascimento dessa maneira!
É uma pena que mulheres ainda se permitam ser apenas objetos de procriação e não valorizem a fantástica transformação que o parir de um filho pode lhes causar!
É uma pena que médicos ainda acreditem “trazer” a vida ao mundo, quando a vida explode por si, e são a mãe e o bebê os atores desta explosão!
É uma pena que em um país onde o índice de cesarianas é três vezes maior que o recomendado pela OMS, a imprensa busque notícia em fatos tão tristes e que incentivam essa nossa dramática realidade!
É uma pena que tudo isso passe despercebido para a maioria dos brasileiros, apaixonados por futebol e tão pouco apaixonados pelo nascimento!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Manifesto pelas Mães



O Grupo Cria é um grupo de mulheres que se uniram para lutar pelo seu direito de exercerem a maternidade de forma consciente. Elas criaram um manifesto lindíssimo que está descrito abaixo para vocês conhecerem. Quem se identificar pode entrar no site e também assinar o manifesto.
Boa leitura!!!


MANIFESTAMOS PELAS MÃES
Mãe que dá o melhor de si e convive com a cronica sensação de que nada é o suficiente.
Mãe de carne, osso e vísceras que, ao se perceber humana, sente-se cada vez mais distante do ideal de devoção da Santa Mãezinha. E por isso se culpa.
Mãe que comprou o sabonete com óleos essenciais, o iogurte com fibras, o desinfetante com cloro ativo, a fralda com bloquigel e mesmo assim seu filho não dormiu a noite inteira, seu marido se queixa e sua casa não é o templo limpo, perfumado e livre de insetos que aparece na TV.
Mãe mulher, dona de casa, profissional e amante, que segue passo a passo as dicas das revistas femininas para conciliar seus inúmeros papéis e virar “super”, mas ainda não encontrou sua capa.
Mãe cuja única preparação para a mais dramática mudança da sua vida foi o cursinho da maternidade e, se privilegiada, a decoração do quartinho e a compra do enxoval.
Mãe que vive em uma sociedade que a glorifica, ao mesmo tempo em que a obriga a terceirizar a criação dos seus filhos. Seja por necessidade, independência ou reconhecimento. Como se, em qualquer um desses casos, essa não fosse uma decisão extremamente difícil.
Mãe que se divide diariamente entre a administração do lar e da profissão, encarando múltiplas jornadas que a levam constantemente à exaustão física e emocional.
Mãe que se dedica de corpo e alma ao significativo projeto de criar uma criança, enfrentando um nível de cobrança superior ao de qualquer chefe ranzinza e cliente exigente. 365 dias por ano, 24 horas por dia. E mesmo assim é percebida como alguém que não faz nada. Até por si mesma.
Mãe pobre que, quando opta pelos filhos, é acomodada. Quando rica, é madame. E, quando profissional, é ausente.

MANIFESTAMOS PELA MATERNIDADE

E, portanto, pela liberdade de sentir. De seguir os instintos. De viver em plenitude emoções e sentimentos totalmente femininos. Pois negá-los, seria abrir mão daquilo que faz da mulher, um ser único.
Manifestamos pelo direito de cada mulher escolher o papel que melhor lhe cabe no momento. Sem se sentir pressionada, desmerecida ou julgada pelo que decidiu não ser.
Manifestamos por parir de forma saudável, humana e tranquila e que essa seja uma decisão consciente da mãe. Amparada por uma equipe de profissionais da saúde que a respeitam, orientam, acompanham e zelam pelo bem estar dela e do bebê.
Manifestamos pelo direito de amamentar a cria, sem ser pressionada por profissionais da saúde mal formados ou parentes bem intencionados, a substituir por mamadeira, o alimento que só o seu peito pode dar.
Manifestamos pela aceitação da metamorfose e da mudança de valores que a chegada de uma criança proporciona na vida de qualquer adulto. E pela valorização desta transformação na sociedade, como contraponto para a cultura do egoísmo e da juventude eterna.

MANIFESTAMOS PELO ATIVISMO ANÔNIMO E INCANSÁVEL DAS MÃES

Nas trincheiras domésticas de uma sociedade cada vez mais dominada pelas leis cruéis do mercado.
E apoiamos as mães que questionam. Que boicotam.
Que compram e deixam de comprar. Que sabem o que servem à mesa e o que jogam no lixo.
Que desligam a TV, controlam o videogame e a quantidade de açúcar.
Mães que tentam proteger a infância e não desistem diante do bombardeio de mensagens que estimulam a erotização e o consumo precoces.
Mães que empreendem, que inventam, que abrem mão, que buscam alternativas, que assumem o vazio e a sobrecarga. E promovem viradas.
Mães que brigam por uma escola melhor, mais humana e significativa; pública ou privada.
Que pensam globalmente e agem localmente, casa a casa, família a família.
E que administram seus lares, como se ali começasse a mudança que desejam para o planeta.

MANIFESTAMOS PELA TOMADA DE CONSCIÊNCIA FAMILIAR

Pela valorização do papel da mãe no seio da família e pelo fim das hipócritas tentativas de minimizar a diferença que a presença dela faz.
Pelo reconhecimento da vital importância da maternidade para a humanidade, e por ações sociais e políticas que valorizem e estimulem a atuação da mãe.
Por uma rede de relacionamentos que coloque novamente mulheres de diferentes gerações em contato, reconstruindo referências que foram deturpadas e estereotipadas pela mídia e pela sociedade.
Por mães unidas para estudar, compartilhar experiências e desenvolver novos pontos de vista para este tema milenar, universal e ainda tão incompreendido.
Por uma nova formação familiar, focada no bem estar integral dos seres humanos e não somente no bem estar material.
Por pais que valorizam a tomada de consciência materna, dando sua participação necessária para que ela floresça. Mesmo sem entendê-la completamente.
Por mães que partilhem com seus parceiros as responsabilidades, agruras e alegrias de se cuidar dos filhos, sendo entendido que eles pertecem aos dois, igualmente.
Manifestamos pela ausência de fórmulas, de guias práticos e de respostas prontas, pois cada mulher é livre para buscar seu caminho e desenvolver sua história. No seu tempo, no seu ritmo e na sua individualidade.
Manifestamos pela conciliação de uma maternidade moderna com uma maternidade mais plena.
Manifestamos por você e por nós. Pela Terra e por todos os filhos que dela vieram e ainda virão.

Manifestamos pelas mães!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Assim nasce uma doula

Minha motivação para fazer o curso de doulas veio da traumática experiência com o parto de minha primeira filha. Após um ano e meio de seu nascimento e quando estava totalmente convencida de que a única chance de vivenciar plenamente um segundo parto seria fazê-lo em casa, decidi fazer o curso para me instruir e aprender mais sobre como oferecer a mim mesma o que é importante nesse momento que desejo vivenciar.

E assim cheguei aqui. Conversei com meu marido sobre a importância disso para mim e decidimos que ele ficaria com nossa filha durante o período do curso, já que teria que ir para São Paulo e ficar lá os quatro dias seguidos..... Foquei então em falar para minha filha, a Laís, que como sempre nos surpreende. Desde que eu comuniquei a ela verbalmente da minha decisão, assim como se falaria a um adulto, ela foi aos poucos não precisando mais do meu seio para dormir, não pedindo mais o “mámá”(no seio) quando acordava. Era como se ela estivesse dizendo “pode ir mamãe, eu vou ficar bem”.


Então, com o apoio do meu marido e da minha pequena filha aqui estou, no penúltimo dia do curso, fascinada com o poder e a força das mulheres, com a beleza e magia do nascimento, com a perfeição desse evento único na vida de duas pessoas.


Durante estes três dias de curso acho que pari a doula que existe em mim. Vejo que minha identificação com as funções e princípios desta profissional é total e me pego sentindo um enorme, imenso, imensurável desejo de estar ao lado de uma mulher parindo.
Hoje foi difícil voltar para o hotel... Estávamos assistindo ao filme Orgasmic Birth (quem já assistiu vai me entender) e depois daqueles partos amorosos, intensos, plenos de ocitocina.... tive que aterrissar no planeta Terra, voltar ao mundo real, pegar o metrô de São Paulo e então vim para o computador para poder colocar pra fora toda essa magia que ora me envolve e que tenho certeza, não há como não envolver todos aqueles que se permitem vivenciar a experiência do nascimento com o olhar do amor e o devido respeito á obra de nosso Criador.


O parto já está em seu estado de arte, como disse a Ana Cris, uma de nossas instrutoras durante o curso, não há NADA a ser melhorado!!!!! E isso parece óbvio se olharmos pela perspectiva de que Deus não teria errado a mão justamente na hora de elaborar este evento fisiológico.


Bem, é isso, agora sou uma doula (na verdade ainda falta mais um dia de curso, ...rsrsrsr...). O que vou fazer quando voltar para Curitiba???? Bem, eu ainda não sei exatamente, mas tenho plena convicção que não vou guardar toda essa magia só para mim. Vou levá-la a todos os cantos, através deste blog, de encontros, de atendimentos. Vou dizer a todas a mulheres “ Sim minhas queridas, vocês podem, nós podemos, sentir prazer com nossos partos assim como sentimos prazer em nossas relações sexuais. Deus concebeu nosso corpo para isso. Isso não é feio, isso não é pecado, isso não é maldito nem sofrido. Isso é lindo, é pleno, é prazeroso, é renovador e transformador!”
REFLEXÃO
Já paramos para pensar que há pouco mais de meio século o sexo era feio, sujo e impuro para as mulheres???? O sexo parece ter saído desse posto, só que o parto continua nesse lugar.

Vamos tirá-lo de lá!!!
Volto a escrever quando já estiver com meu “plano de parto”, quero dizer plano de doula, pronto!
Até!!!!