quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Como escolher o dia certo para seu bebê nascer

Antes de pensarmos sobre a questão proposta no título deste post, façamos uma visualização.

Pense no seu filho ou filha que está dentro de você. Se não está grávida, pense em uma pessoa que ainda não possui, ou já não possui, autonomia para decidir sobre sua própria existência.

Agora, mentalizando esta pessoa, analise seu aspecto físico, sua personalidade (é muito agitada, é mais tranquila...). Respire lenta e calmamente. Some a esta imagem aspectos de sua realidade, do tipo: “quartas-feiras são dias menos corridos para mim”, ou “finais de semana meu marido não precisa trabalhar”, ou ainda “a partir do dia 25 posso entrar em férias”. Então agora feche os olhos e escolha qual o dia para esta pessoa morrer. Sim, eu escrevi morrer.

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Para alguns isso pode soar ridículo, para outros pode causar repulsa. Mas, quando pensamos no dia de nascer este raciocínio já nos torna tão natural. Por quê?

O que será que nos faz acreditar que sabemos o dia certo que um bebê deve nascer. O que nos faz acreditar que tenhamos este poder sobrenatural. Se não podemos decidir o dia da morte e nem mesmo o da concepção de um indivíduo, o que nos faz acreditar que sabemos o dia em que ele pode nascer?

Porque não esperamos? Porque não aguardamos os sinais que demonstrem que ele está pronto para nascer? Porque acreditamos em todas as coisas que nos dizem para justificar que é chegada a hora de nosso bebê sair de dentro de nós, ainda que ele não manifeste qualquer sinal de que o deseja fazer? Por que não o respeitamos? Por que não confiamos que se ele ainda está em nosso útero há uma razão e isso deve ser importante para ele? Fazemos isso quando uma pessoa está na iminência de morrer, mas ainda não morreu. Pensamos “isso é de alguma forma importante para ela”, e então, por mais penosa que seja a situação, esperamos. Esperamos e confiamos, crentes de que há uma coordenação maior que rege a vida e que sabe o momento certo de desliga-la.

O ideal seria usarmos a mesma linha de raciocínio para o nascimento. Ninguém, incluindo aqui também os médicos, pode saber o dia em que um bebê deve nascer. Esta “informação” pertence a outra esfera de conhecimento. E nós, mulheres, que tanto nos preparamos com estudos e cursos para os desafios de nossa vida profissional, temos o dever de fazer o mesmo em relação aos filhos que gestamos.

É nosso dever usar a lógica e questionar. Buscar um sentido naquilo que nos é dito e proposto. Estudar e entender o que realmente é um problema fisiológico que ofereça risco de vida ao filho que trazemos no útero, para só então optarmos por uma cirurgia.

Não quero aqui demonstrar que o nascimento fisiológico é mais benéfico do que o cirúrgico. A própria ciência já fez isso para provar àqueles cuja lógica de raciocínio não levou a esta conclusão. O gráfico que demonstra os benefícios da cirurgia para retirada de bebês do útero de suas mães , é um gráfico em “U”. Isso demonstra que nos países onde estas cirurgias não ocorrem por falta de acesso e condições precárias de desenvolvimento sócio-econômico, os índices de mortalidade materno e infantil então lá em cima, na ponta superior esquerda do “U”. À medida que o número desta cirurgia aumenta o índice da mortalidade vai caindo, chegando na base do “U” quando a porcentagem de cesarianas do país chega nas casa dos 15% do total de nascimentos. Depois, à medida que o número desta cirurgia vai aumentando os índices de mortalidade voltam a subir, crescendo no lado direito do “U”.

No Brasil chegamos ao alarmante número de 80% de nascimentos cirúrgicos nos hospitais da rede particular, e isso com certeza representa uma superexposição de mães e bebês a riscos desnecessários.

São mulheres escolarizadas, muitas vezes altamente capacitadas, com uma cultura incrível! Mulheres que não se acanham diante dos desafios, que se esforçam, se dedicam, conquistam. Porém nesse momento da vida em que gestam um filho parecem não usar todas estas ferramentas maravilhosas para pensar sobre a questão.

Se você está grávida e ainda está lendo este post, então vá atrás de informação! Procure alguém em sua cidade que entenda e acredite no parto fisiológico. Use a internet e pesquise! Há inúmeros sites, blogs e listas de discussão online sobre o parto natural. Questione o profissional que a atende, raciocine sobre o que ele a fala. Faça escolhas, você tem esse direito. Mas, acima de tudo, reflita e veja o que faz sentido para você!

Caso opte por não escolher o dia em que seu bebê vai nascer, então saiba: não será uma caminhada fácil. Dizer não ao produto que o sistema tão bem preparou para nos oferecer é muito trabalhoso. Requer uma grande carga de energia, confiança em si, no seu bebê e na vida. Requer crescimento e amadurecimento. Requer assumir seu corpo, o filho que está dentro dele e os mecanismos criados por Deus para propiciarem que a vida floresça.

Você será vista e rotulada com louca, irresponsável, insensata, insensível e até mesmo egoísta. Você irá incomodar o sistema. Portanto, fortaleça-se.

Ao mesmo tempo você terá uma rede de outras mulheres no mundo todo te sustentando e te fortalecendo. Vá em frente, se teu coração disser que é possível. Acredite nele. E cerque-se, ainda que virtualmente, de pessoas que te apoiam.

Este post não é um atentado contra os avanços da medicina ou um retrocesso. É um apelo ao bom censo. É um chamado à razão. A cirurgia cesariana é uma benção, uma conquista inquestionável, assim como várias outras maravilhosas descobertas humanas que surgem e pelo mau uso passam a ceifar vidas.


Cesárea? Para quê? Eu posso parir!


Desejo que “tenham uma boa hora”!




A QUANTIDADE DE CIRURGIAS CESARIANAS QUE TENHO VISTO ACONTECER POR MOTIVOS OS MAIS BANAIS POSSÍVEIS ME FIZERAM ESCREVER ESTE POST.

ISSO TAMBÉM ME MOTIVOU A CRIAR UM GRUPO PARA CONVESAR SOBRE TEMAS LIGADOS AO PARTO E NASCIMENTO.

DIA 30 DE SETEMBRO TEREMOS NOSSA PRIMEIRA RODA DE CONVERSAS SOBRE HUMANIZAÇÃO DO PARTO E NASCIMENTO COM A PRESENÇA DA MÉDICA OBSTETRA E GINECOLOGISTA ROSE FISCHER. SERÁ UM ENCONTRO GRATÚITO E ABERTO A TODOS OS INTERESSADOS. FALAREMOS SOBRE A “DATA PROVÁVEL DE PARTO”.
Maiores informações aqui mesmo no blog na página "Encontro de Gestantes".

Para saber mais, sugiro os livros:
Parto normal ou cesárea? O que toda mulher deve saber (e todo homen também). Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte. Editora Unesp.
Parto Ativo: guia prático para o parto natural. Janet Balaskas. Editora Ground.
Quando o corpo consente. Marie Bertherat, Thérèse Bertherat e Paule Brung. Editora Martins Fontes.
O renascimento do parto. Michel Odent. Editora Saint Germain.

Conheça também os sites:




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