sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O parto e a ESPERA

Já se passaram 40 semanas, e mesmo já tendo uma gestação anterior, mesmo estando estudando e trabalhando com partos há quase quatro anos, mesmo conhecendo boa parte sobre a teoria....., mesmo assim tenho enfrentado dias e dias de desconforto, impaciência, ansiedade e espera.....


Entregar-se à ESPERA não é tarefa fácil nos dias atuais. Vivemos uma época na qual temos agendas no computador, no celular, no papel e nos esforçamos para controlar o tempo e para dar conta de tudo. Afinal somos mulheres modernas, economicamente independentes, formadas, pós-graduadas, ativas, acostumadas ao trabalho, ao mundo corporativo, à vida social, à independência, e é para isso fomos preparadas.

Mas nesta hora, em que escolhemos nos dedicar a permitir que uma nova vida venha ao mundo, nesta hora tudo é tão diferente.... Agora a vida nos pede para que não estejamos no controle, para que nos entreguemos a ela, para que confiemos e tenhamos paciência. Nossa força tem que ser totalmente redirecionada e ao invés de competir precisamos colaborar, colaborar com a Criação. Precisamos aceitar com resignação que não podemos estar no controle e nos entregar a todas as loucuras que estão acontecendo em nosso corpo e em nossa alma. Afinal, ceder-se de si mesma para a construção de um novo corpo não é tarefa simples.

E nestes momentos finais de espera as pessoas que nos cercam são de extrema importância para nós. Enquanto sociedade, não sabemos mais (ou talvez ainda) oferecer a uma mulher prestes a parir o que ela de fato necessita. Nos preocupamos com o tamanho da barriga, com o tempo de gestação, com a data em o que o bebê deve chegar, com exames modernos.... e nos esquecemos da mulher. Nos esquecemos da atenção, do cuidado, do carinho, do colo. Nos esquecemos que seu corpo, muitas vezes, arde em cansaço e sua alma clama por amparo. Mas o mundo não pode parar, ainda que em nome da vida, e todos seguem com seus ritmos frenéticos esquecendo-se de que ela precisa entregar-se a um novo ritmo e tem que estar liberada e amparada para se enfronhar neste novo mundo.

Grávidas, ainda que enormes e com o ventre redondo como uma lua, muitas vezes passamos despercebidas. É como se as pessoas não nos enxergassem de verdade. Nos olham, às vezes se admiram, mas não fazem a mínima ideia do que está acontecendo conosco e do que precisamos.

Bem, e aqui só me resta agradecer àqueles que me cercam neste momento, por estarem sendo tão boas companhias.

Agradecer às parteiras que irão me acompanhar no parto e ao médico que tem feito o meu pré-natal. Obrigada pelos momentos de conversa calma e sem horário ao invés dos toques, das perguntas, das insinuações e previsões trágicas sobre a gravidez, da pressa e pressão para que o bebê chegue logo.

Agradecer a minha mãe que se deslocou de tão longe para vir me auxiliar nos cuidados com a casa, com minha filha e comigo mesma. Obrigada pela doação amorosa de seu tempo, por abrir mão, ainda que temporariamente, de sua própria vida para me possibilitar entregar-me mais intensamente à minha.

Agradecer ao meu marido que desde sempre esteve ao meu lado nas descobertas sobre este universo tão feminino. Obrigada por confiar em mim, em meu corpo e nas escolhas que estou fazendo para nossos filhos. Obrigada em especial pelos momentos de carinho e atenção deste finalzinho de gestação. Os passeios, as massagens, as aulas de yoga, os programas de TV que simplesmente assistimos juntos. Obrigada por não me cobrar e apenas me acompanhar.

Desejo ainda agradecer a todos os amigos, parentes e profissionais que também acreditam e vibram por este momento. Agradecer ao movimento de humanização do parto e a todas as pessoas que já conheci nele e que tanto me ensinaram e inspiraram.

E por fim, desejo muita luz e muita força àquelas mulheres que também se encontram prestes a parir, mas que por um motivo ou outro não conseguem se entregar a esta sublime ESPERA. Que Deus ampare seus corações e que a Mãe divina esteja a acompanha-las, oferecendo força e segurança nos momentos mais difíceis.

Obrigada à vida por ser mulher e ter esta oportunidade de aprender a ESPERAR.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

2012 começa...... com encontro de GESTANTE: 'Nascendo no Brasil'

Nesta quarta-feira, 18/01/2012, teremos nosso primeiro encontro de gestantes do ano, este ano que promete ser de tantas mulheres e bebês nascendo de forma natural, fisiológica, amorosa!

Espero você lá para compartilhar conosco histórias e expectativas sobre 'Nascendo no Brasil'.
Como é a caminhada de uma mulher que deseja parto natural no país campeão de cesáreas?
Este será nosso tema!

Para ilustrar um pouco o que iremos falar, compartilho abaixo um post do blog Materna Bebê, que fala sobre este caminho, desta mulher.... que já fui eu, agora foi ela e que trabalhamos para que não seja você!

A VERDADEIRA DOR DO PARTO

Eu me preparei para parir.

Meu corpo sabia parir.
Em qualquer posição minha ou dela.
Eu queria sentir a temida sensação que traria minha filha aos meus braços.
Queria superar meus medos.
Queria sentir cada movimento da sua chegada.
Queria sentir meu corpo se abrindo.
Queria sentir ela descendo e encaixando.
Queria viver aquela experiência de frente.
Queria ser protagonista.
Queria simplesmente parir seguindo meus instintos,
No acalento do meu lar.
E de repente entramos em trabalho de parto.
Foi antes que eu imaginava.
Me pegou de supetão.
Eu não acreditava.
Mas me sentia extasiada.
Tudo aquilo para o que me preparei estava começando.
Em casa, senti as ondas tomando o meu corpo.
Apenas me entregava.
Suavizava minha respiração.
Entrava na dor e seguia com ela.
E aquela sensação intensa a qual chamam de dor transformou-se em prazer.
Descanso.
Alegria.
Mais uma onda.
Uma nova entrega.
Eu ainda não acreditava.
Me sentia tão inteira, tão pura.
Iria parir.
Mas num telefonema, a notícia.
Vamos para a maternidade.
Lá, dor. Apenas dor.
Dor da alma.
Uma dor de fato.
Algo que eu não conseguia compreender.
Já não me entregava mais.
Apenas tentava suportar.
De olho num relógio, não via o tempo passar.
Dor.
Foi tudo embora.
Me tiraram tudo.
Eu e minha filha éramos o de menos ali.
O “santo” doutor estava vindo.
Dor.
Meu companheiro longe.
Dor.
O pai de fora.
Dor.
O desrespeito.
Dor.
Uma cesária.
Dor.
A violência.
Dor.
As lágrimas.
Dor.
Uma cicatriz.
Dor.
Meu coração em prantos.
Dor.
Minha alma ferida.
Dor.
Isso é a verdadeira dor do parto.

A dor do não vivido.
A dor do que me foi roubado.
A dor do espírito. A dor da alma.
Para visualizar o post original acesse o link: www.maternabebe.blotspot.com


ENCONTTRO DE GESTANTES - jan. 2012
DATA: 18/01/2012
HORÁRIO: 20h às 23h
LOCAL: Av. Padre Anchieta, 820, Mercês
PÚBLICO: gestantes, acompanahntes e interessados!
Encontro gratúito - contribuição voluntária.